Estudo mostra que o ômega-3 pode diminuir a agressividade em crianças

De acordo com estudo da Universidade da Pensilvânia (Penn), publicado em Journal of Child Psychology and Psychiatry, a incorporação de ômega-3, vitaminas e suplementos minerais nas dietas de crianças com extrema agressividade pode reduzir este comportamento problemático – especialmente sua forma mais impulsiva e emocional -, em curto prazo.

 

Adrian Raine, professor de criminologia, psicologia e psiquiatria da  Richard Perry University, passou sua carreira estudando como o funcionamento biológico do cérebro afeta o comportamento antissocial. Ele se concentra especificamente na compreensão dessas ações e no aprendizado de como modificá-las, seja uma ação benigna, como uma criança fazendo cena, ou um caso extremo, no caso de um assassino.

 

“Como você muda o cérebro para tornar as pessoas melhores?”, ele perguntou. “Como podemos melhorar o funcionamento do cérebro para melhorar o comportamento?”

 

Estas perguntas formam a base para o trabalho que Raine já havia feito com adolescentes na ilha Maurício, África. Em um ensaio clínico aleatório, um grupo recebeu suplementos de ômega-3 durante seis meses, outro grupo não. Aqueles que tomaram o óleo de peixe apresentaram uma redução no comportamento agressivo e antissocial.

 

“Esse foi o meu ponto de partida”, relatou ele. “Eu estava realmente animado sobre os resultados que publicamos lá.”

 

Maurício, no entanto, possui um clima tropical e uma cultura diferente da dos Estados Unidos, de modo que Raine decidiu testar uma nova versão do estudo, na Filadélfia, para resultados mais amplamente aplicáveis. Ele fez uma parceria com Therese Richmond, professora de enfermagem e reitora associada para as áreas de pesquisa e inovação, e vários outros professores da Penn, incluindo Rose Cheney, da Escola de Medicina Perelman, e Jill Portnoy, do Departamento de Criminologia na Faculdade de Artes & Ciências.

 

O estudo aleatório controlado da Filadélfia dividiu 290 crianças de 11 e 12 anos com um histórico de violência em quatro grupos: o primeiro grupo recebeu ômega-3 na forma de suco, bem como multivitaminas e cálcio durante três meses. O segundo grupo participou de terapia cognitivo-comportamental, ou CBT, que incluiu reunião semanal durante uma hora, com o tempo dividido entre a criança, o pai e com os dois juntos (grupo terapia).

 

“As sessões se voltaram para as ligações entre pensamentos, sentimentos e comportamentos, e também para a prática alternativa de ações para a criança aprender a lidar com situações difíceis, em vez de reagir emocionalmente a algo”, relatou Richmond, que supervisionou o ensaio clínico. “É uma ajuda para a criança construir uma ‘caixa de ferramentas’ de formas de interações com os outros. Por exemplo, se estou com raiva, como posso lidar com a raiva que não seja fisicamente através de golpes? Todos os participantes também levam lições para fazer em casa.

 

O terceiro grupo do estudo tomou os suplementos e participou de CBT, e o quarto recebeu recursos e informações para reduzir o comportamento agressivo (grupo controle). As amostras de sangue no início e na conclusão do experimento mediram os níveis de ômega-3 em cada criança.

 

“Imediatamente após três meses de intervenção nutricional rica em ômega-3, encontramos uma diminuição do comportamento agressivo das crianças”, disse Richmond. A equipe também fez acompanhamento três e seis meses mais tarde.

 

No primeira verificação, os participantes recebendo a combinação de CBT e ômega-3 relataram menos agressividade do que o grupo controle e o grupo terapia. No entanto, o que permanece desconhecido é se o uso continuado de ômega-3 pode levar a uma redução no comportamento antissocial em longo prazo.

 

O estudo possui outras limitações, como o não alinhamento entre os auto-relatos preenchidos por pais e crianças. Havia outras pequenas limitações à pesquisa, sendo que alguns participantes desistiram antes do término do estudo.

 

Apesar desses desafios, Raine, Richmond e seus colegas disseram que as descobertas fornecem algumas informações importantes.

 

“Independente da terapia utilizada, poderia a adição de ômega-3 ajudar?”, perguntou Raine. “O estudo sugere que poderia.” E embora o trabalho responda a algumas perguntas, ele também cria outras, que retorna a um ponto maior sobre a conexão mente e ação: É complicado. “Não podemos simplificar a complexidade do comportamento antissocial. Existem muitas causas. Não é apenas o cérebro. Será um pedaço do quebra-cabeça? Eu acho que é.”

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