Suplementação de probióticos na primeira infância

Um crescente corpo de pesquisa médica indica que alterações nos tipos de bactérias que vivem no trato gastrointestinal podem influenciar o funcionamento cerebral, humor e saúde mental em geral. Pela primeira vez em um novo estudo executado na Finlândia, Pärtty e colegas mostraram que a suplementação com probióticos no início da vida pode ser eficaz para reduzir a incidência de Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno do Espectro Autista (TEA) em crianças.

Através da hipótese de que a suplementação probiótica possa proteger contra o desenvolvimento de TDAH e TEA, inicialmente os pesquisadores revisaram dados de um estudo originalmente projetado para testar o efeito da suplementação probiótica na infância sobre o desenvolvimento posterior de eczema. Mães de 159 crianças foram recrutadas em um estudo duplo-cego, randomizado e controlado por placebo, e receberam 10 bilhões de unidades formadoras de colônias de Lactobacillus rhamnosus ou placebo, diariamente, durante 4 semanas antes do parto esperado. Após o parto, a suplementação foi continuada aos bebês, através das mães (amamentação), por 6 meses.

 

Isto posto, para avaliar a possível associação entre a suplementação probiótica e TDAH ou TEA, aos 13 anos de idade, 75 dessas crianças foram avaliadas por um psiquiatra ou neurologista infantil experiente e terceirizado, de maneira randomizada ‘às cegas’, de modo a não produzir qualquer viés para o estudo.

 

Os resultados mostraram que o diagnóstico de TDAH ou TEA ocorreu em 6/35 (17,1%) crianças do grupo placebo e em nenhuma criança do grupo probiótico (0/40). O valor da probabilidade foi de 0,008, indicando que o resultado não foi devido ao acaso,

 

 

Este trabalho é um grande marco da medicina, onde comprova que a flora intestinal tem uma importância fundamental para o neurodesenvolvimento das crianças. Já se sabia dos benefícios da suplementação dos lactobacilos no período pré-natal e nos primeiros meses de vida sobre a incidência de eczema na infância. Ao voltar a analisar o mesmo grupo de crianças tratadas para eczema 13 anos após, surge um grande achado: a redução de TEA e TDAH no grupo tratado. O efeito inusitado comprova as novas teorias de que esses transtornos podem se originar da disbiose (desequilíbrio da flora) intestinal, pois esta pode provocar um processo de inflamação no cérebro que atrapalha o desenvolvimento cerebral normal.

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