A Tristeza como Nossa Aliada ao Amadurecimento
Vivemos numa sociedade onde a tristeza é vista como sinônimo de fraqueza. Proponho, neste artigo, olharmos para ela de um ponto de vista diferente.
Todos nos sentimos tristes de vez em quando, o que pode nos levar ao desânimo. Mas por que ficamos tristes?
A tristeza é um alerta de que algo não vai bem em nossas vidas, é um sinalizador que nos pede momentos sinceros de reflexão sobre como estamos a nos conduzir pelo mundo. E para tal, é necessária muita coragem, pois olhar para si mesmo não é tarefa fácil, por isso nada tem a ver com fraqueza.
Nós vivemos em ciclos, onde ora estamos com nossas energias voltadas para um objetivo, certos do que estamos realizando e todos os obstáculos são vistos por nós como desafios, sendo superados com entusiasmo. Ora, nossas energias já estão gastas, não temos mais certeza do caminho trilhado e os obstáculos começam a ser vistos como problemas e nos vemos paralisados diante deles.
Este é o momento de reservar um tempo e fazer um mergulho interior, rever o que já se alcançou e onde se quer chegar de fato, diferenciando o objetivo próprio, do objetivo que outros esperam que atinjamos e isso gera tristeza, insegurança e medo, pois até onde é o outro e até onde somos nós em nossas aspirações?
A sinceridade e o cuidado consigo próprio são recursos importantíssimos para esta encruzilhada. Acolher-se é um ato de bravura, dar vasão e escutar seus próprios medos, como se abraçasse uma criança depois de um pesadelo terrível, precisamos desse autocuidado e auto aceitação para darmos um passo adiante no nosso próprio amadurecimento.
O amadurecimento pode ser visto como um processo constante, pois propulsiona a evolução e inibe a estagnação, seja em qual setor da vida for. Por exemplo: em determinados momentos sentimos que necessitamos amadurecer nosso lado intelectual, em outros momentos, nosso lado emocional é que precisa ser amadurecido e idade raramente dita as regras desses processos, os acontecimentos da vida é que são essas chaves.
É em momentos de tristeza onde nos fechamos, como uma lagarta em seu casulo, para sentirmos, clarearmos nossas visões de mundo, sermos sinceros conosco, distinguirmos nosso “joio do trigo” interiores e quando a iluminação da questão se faz, com ela vem a criatividade, a força e o desejo de vida e vitória, que nos leva a despertar como belas borboletas pelos campos afora.
Deixo claro que a tristeza também pode envolver processos orgânicos e se agravar. Então, se prolongada por semanas, meses, é importante buscar auxilio psicológico e discutir com o(a) psicólogo(a) se é o caso de intervenção medicamentosa em parceria com um psiquiatra.
Isso também não é sinal de fraqueza, é sinal de amor-próprio, pois você é o seu maior bem nesse mundo. Mesmo sendo altruísta, você só poderá auxiliar alguém com todas as suas forças, se você estiver relativamente bem para fazê-lo, concorda?
Proponho, então, que olhemos para a tristeza – tanto nossa quanto daqueles que nos cercam, com carinho, gratidão, respeito e amor, pois é indício de que grandes mudanças começaram e que pontos de vistas passarão por uma reciclagem, normalmente resultando numa pessoa mais forte, mais feliz, mais integrada e com mais sabedoria a nos transmitir, com a certeza de que tudo passa e de que a lição que aprendemos é o mais importante em todos os processos, sejam eles de alegria ou de dor.
Annie Nolasco
CRP: 121699/06