Estudo analisa a consciência das pessoas para o problema do desperdício de alimento
Em todo o mundo, por volta de um terço de todo alimento produzido para o consumo humano vai parar no lixo devido ao transporte/infraestrutura, armazenamento, mecanismos de preços, receio quanto à data de expiração descrita no produto, práticas de compra, consumo ou cozimento, ou simplesmente através do alimento que fica no prato… É um excesso não compreensível num mundo dito como moderno, onde quase um bilhão de pessoas passam fome, e representa um desperdício de trabalho, água, energia, terra e outros fatores que produziram o alimento.
A redução do desperdício de alimento e, portanto, a minimização da maior fonte de emissões de gases de efeito estufa, dentre outros recursos naturais, vem atraindo a atenção de um crescente número de instituições globais, produtores, distribuidores, vendedores e consumidores. Mas, infelizmente, ainda é grande o número de indivíduos que não compreendem, ou que não estão conscientes sobre o impacto que causa este desperdício.
Um estudo publicado na revista PLoS ONE mostra que, apesar de os consumidores americanos jogarem fora cerca de 32 bilhões de quilos de alimentos por ano (25 a 40% do alimento cultivado, processado e transportando nos EUA), apenas cerca da metade deles está ciente de que o desperdício de alimentos é um problema. Para tal, os pesquisadores desenvolveram uma pesquisa nacional para identificar a consciência e as atitudes dos americanos em matéria de resíduos alimentares.
No entanto, a consciência do problema pode estar crescendo, desde que o estudo constatou que 53% dos entrevistados disseram que estavam cientes de que o desperdício de alimentos é um problema – o que representa um número cerca de 10% maior, quando comparamos com o resultado de um estudo da Johns Hopkins publicado em 2015.
“Mas ainda é incrivelmente baixo”, disse o coautor do estudo, Brian Roe, professor de marketing e política agrícola da Universidade Estadual de Ohio. “Se nós podemos aumentar a consciência do problema, os consumidores estarão mais propensos a aumentar a ação intencional para reduzir o desperdício de alimentos. Você não muda seu comportamento se você não perceber que há um problema em primeiro lugar.”
Entre outras conclusões, o estudo identificou padrões gerais que desempenham um papel nas atitudes das pessoas sobre os resíduos alimentares. Os pesquisadores descobriram que 68% dos entrevistados acreditam que jogar fora alimentos após a data de expiração do pacote reduz a chance de doenças transmitidas por alimentos, e 59% acreditam que uma parcela do desperdício serve para se ter certeza de refeições frescas e saborosas. Enquanto 77% dos entrevistados sentem uma sensação geral de culpa ao jogar comida fora, apenas 58% indicaram que entendem que o hábito de jogar fora alimentos é ruim para o meio ambiente, e apenas 42% acreditam que o desperdício de alimento significa desperdício de dinheiro.
Além disso, 51% dos entrevistados disseram que acreditam ser difícil reduzir o desperdício de alimentos no domicílio, e 42% dizem que não têm tempo suficiente para se preocupar com isso.
Ao estudar esses padrões, os pesquisadores apontam várias áreas para haver concentração de esforços educacionais e de políticas. Uma delas seria através de ação para diminuir benefícios não reais sentidos por grande parte das pessoas que levam ao desperdício.
Sendo que uma grande parcela do desperdício de alimentos é atribuída aos consumidores, o estudo afirma a importância de trabalhar a consciência, percepção, opiniões e atitudes dos mesmos para que ações possam ser planejadas. A mudança vem através do conhecimento. Assim sendo, os pesquisadores veem uma oportunidade de ajudar os consumidores a entender os impactos ambientais negativos dos resíduos alimentares. O desperdício de alimentos é a maior fonte de resíduos sólidos urbanos nos EUA e o tipo mais destrutivo de lixo doméstico em termos de emissões de gases com efeito estufa. Outro resultado percebido do estudo é que melhores dados sobre a medição do lixo doméstico poderiam levar à sua diminuição. A organização sem fins lucrativos FLW Standard já vem quantificando e reportando aos interessados, mas, por enquanto, somente no âmbito de grandes empresas e outras organizações.