Tratamento com Lactobacillus reduz cólicas em bebês
A cólica infantil é um dos problemas mais corriqueiros relatados pelos pais nas consultas médicas aos pediatras. Cerca de 10% a 20% dessas visitas ocorrem durante os quatro primeiros meses de idade dos bebês. Esse incômodo, que acaba com uma noite tranquila de sono dos pais e gera dor e desconforto para as crianças, pode vir a ter fim. Segundo pesquisas, o tratamento com o probiótico Lactobacillus reuteri, durante os três primeiros meses de vida, reduz a probabilidade de cólicas, regurgitação e constipação funcional.
A equipe da Drª. Flavia Indrio, da Universidade de Bari Aldo Moro, na Itália, realizou um estudo com 589 recém-nascidos, de 9 unidades neonatais da Itália, entre 1º de setembro de 2010 e 30 de outubro de 2012. Os bebês foram divididos em dois grupos de estudo: os recém-nascidos amamentados pelas mães e os recém-nascidos alimentados por outras fontes que não a amamentação materna.
O resultado do estudo foi publicado no JAMA Pediatrics e mostrou que a administração diária do probiótico reduziu a incidência de choro “inconsolável” de 71 para 38 minutos por dia. Além disso, os bebês com três meses de idade, que foram tratados com o probiótico, regurgitaram menos vezes que os bebês que não fizeram o uso do Lactobacillus, passando de 4,6 vezes para 2,9 vezes ao dia.
A cólica neonatal é considerada uma condição clínica autolimitada de etiologia desconhecida. Diversos estudos têm apresentado que os distúrbios gastrointestinais funcionais precoces podem desencadear diferentes doenças mais tarde na vida. Por exemplo, o grupo de pesquisa da Universidade de Bari Aldo Moro já havia publicado um estudo em que as crianças maiores diagnosticadas com síndrome do intestino irritável tiveram um percentual maior de distúrbios gastrintestinais funcionais neonatal do que o grupo sem a síndrome.
Embora a ligação entre a cólica neonatal e as doenças posteriores não seja totalmente comprovada, os autores sugerem que a dor inicial da cólica pode promover o desenvolvimento de uma hipersensibilidade visceral em longo prazo e um aumento da permeabilidade da mucosa. Isso poderia alterar o equilíbrio da microflora intestinal e aumentar a inflamação de baixo grau. Os pesquisadores propõem ainda, que o tratamento profilático com Lactobacillus pode conduzir uma mudança na colonização intestinal, promovendo uma melhoria na permeabilidade no órgão.
No entanto, apesar da falta de informação sobre os mecanismos de ação dos probióticos contra a cólica infantil e algumas limitações dos estudos, alguns médicos apostam no uso potencial de Lactobacillus para combater esse sintoma. “Talvez chegará um momento em que prestadores de serviços médicos vão recomendar cinco probióticos por dia para manter a cólica infantil distante”, dizem o Dr. Bruno P. Chumpitazi, MPH, e o Dr. Robert J. Shulman, do Baylor College of Medicine, em Houston,Texas