Com os avanços na ciência e medicina, a população está vivendo por mais tempo. Isso vem com um novo conjunto de problemas e condições médicas que precisamos nos concentrar para garantir uma boa qualidade de vida. A fragilidade é uma dessas condições associadas à idade que pode levar a défices de saúde e eventual mortalidade.
A fragilidade é uma síndrome geriátrica caracterizada por elevado risco de declínios de saúde e função. Os adultos mais velhos são mais vulneráveis a estressores e mudanças nas condições, e sentem efeitos adversos à saúde mais frequentemente do que aqueles que são mais jovens. A prevalência da condição aumenta com a idade, mas há mudanças que as pessoas podem fazer para retardar ou limitar seus efeitos.
Estudos anteriores sugerem que as intervenções dietéticas têm um impacto positivo sobre as pessoas com fragilidade e que a nutrição equilibrada pode limitar os seus efeitos sobre a função. Contudo, esses estudos tiveram um curto seguimento e não conseguiram explicar um número de fatores potencialmente confusos. Em um estudo recente, os pesquisadores procuraram determinar uma relação entre nutrição e mortalidade em mulheres mais velhas com fragilidade. As mulheres foram especificamente escolhidas em oposição aos homens porque o envelhecimento da população é predominantemente feminino.
No estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition, Zaslavsky et al. examinaram o impacto da ingestão energética e proteica, bem como índices dietéticos, como a dieta mediterrânea alternativa (aMED), sobre a mortalidade em mulheres mais velhas frágeis. Os pesquisadores levantaram a hipótese de que dietas mais equilibradas e maior ingestão de proteína e energia resultariam em menor mortalidade.
A fragilidade (ou fraqueza) foi definida como a presença de três sintomas dentre cinco: fraqueza muscular, lento caminhar, exaustão, baixa atividade física e perda de peso não intencional. Mulheres de 50 a 79 anos foram incluídas no estudo, consistindo em visita clínica e acompanhamento. A dieta foi auto-relatada e convertida em ingestão de proteína e energia pelos pesquisadores, e os critérios de fragilidade foram comparados a partir da visita inicial e durante o acompanhamento. Após 3 anos de seguimento, a mortalidade foi monitorada pelos médicos do estudo usando-se registros hospitalares, relatórios coronarianos e o Índice Nacional de Morte.
Os pesquisadores descobriram no período de 12 anos e 4 meses de seguimento que as mulheres que mantiveram (quantitativa e qualitativamente) melhores dietas apresentaram reduzidas taxas de mortalidade do que os seus pares. Além da aMED, foram utilizados como índices dietéticos as abordagens dietéticas para parar a hipertensão arterial (DASH) e o índice inflamatório dietético (DII). As participantes que tiveram maior consumo de proteína e energia e que aderiram melhor às dietas aMED e DASH apresentaram menores taxas de mortalidade. Esta associação foi ainda mais forte para aquelas com fatores de risco pré-existentes, como comorbidade crônica e mulheres fumantes.
De particular importância é a relação entre a ingestão de proteínas e a mortalidade por todas as causas, que sugere que, ao contrário do que se pensava anteriormente, a demanda de proteínas pode aumentar com o avançar da idade. Globalmente, este estudo destaca a importância de uma boa nutrição, particularmente durante o envelhecimento mais avançado, e traz à atenção certos aspectos das nossas dietas que poderiam ser modificados para melhorar a saúde e a função.
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