Em primeiro lugar, é preciso entender o que significa o termo hipotireoidismo. A glândula tireoide produz diariamente seus principais hormônios, T3 e T4, em quantidades suficientes para o bom funcionamento do organismo. O hipotireoidismo ocorre quando a tireoide, por algum motivo, passa a produzir seus hormônios em quantidades menores do que o organismo necessita.
Como os hormônios tireóideos são responsáveis, entre outras coisas, pelo aumento da velocidade das reações químicas, a carência desses hormônios resulta na diminuição da atividade do metabolismo. Isso leva ao aparecimento de vários sintomas e sinais clínicos, que podem variar em intensidade e ocorrer isoladamente ou em diversas combinações. Os principais sinais e sintomas do hipotireoidismo são:
A causa mais frequente do hipotireoidismo no Brasil é a tireoidite autoimune (tireoidite de Hashimoto), na qual o organismo produz uma reação imune contra a glândula que pode resultar na destruição progressiva da glândula.
Neste caso, geralmente os sinais e sintomas aparecem de maneira lenta e gradual e, por isso, podem passar despercebidos. Manifestações comuns no início da doença, como cansaço, fraqueza, dores musculares e articulares, ganho de peso, alterações menstruais e pele seca podem ser atribuídas a outras causas. Isso contribui para retardar o diagnóstico da doença.
Outras causas comuns de hipotireoidismo são a carência de iodo na dieta, a destruição do tecido tireóideo por iodo radioativo usado para o tratamento da doença de Graves e a cirurgia de ressecção parcial ou total da tireoide, utilizada para tratar a doença de Graves ou o câncer de tireoide.
É importante ressaltar que há algumas situações que podem requerer a investigação de hipotireoidismo, tais como, em mulheres que apresentam alterações menstruais e dificuldade para engravidar, bem como nos indivíduos que exibem colesterol elevado.
Como o hipotireoidismo é mais frequente em pacientes idosos, é importante valorizar a presença de sintomas de hipotireoidismo nesses pacientes. Há várias outras situações em que a investigação pode ser necessária, como, por exemplo: mulheres grávidas, história familiar de doença de tireoide, mulheres acima de 60 anos, cirurgia de tireoide prévia, tratamento prévio com iodo radioativo, presença de bócio (aumento da tireoide) etc. (Brenta et al, 2013).
O aparecimento do hipotireoidismo pode ocorrer, inclusive, nos recém-nascidos (congênito) e, neste caso, é uma das causas mais frequentes de retardo mental.
As crianças e adolescentes também estão sujeitos ao desenvolvimento da doença que provoca frequentemente, além das manifestações do hipotireoidismo, a diminuição da velocidade de crescimento, diminuição do rendimento escolar e atraso no desenvolvimento sexual.
Quando há presença de sintomas e sinais clínicos, os pacientes devem ser submetidos ao exame de sangue para investigação de hipotireoidismo. Os mais importantes para confirmar o diagnóstico de hipotireoidismo são as dosagens sanguíneas de tireotropina (TSH) e tetraiodotironina livre (T4 livre). Na grande maioria das vezes, são suficientes para estabelecer o diagnóstico do hipotireoidismo.
Deve-se ressaltar que é importante repetir esses exames, especialmente quando pouco alterados, para confirmar o diagnóstico da doença. A pesquisa do hipotireoidismo no recém-nascido é realizada pelo teste do pezinho.
Podem ser solicitados, também, exames com a finalidade de estabelecer a causa do hipotireoidismo. No caso da tireoidite de Hashimoto, os níveis de anticorpos antitireóideos no sangue (anticorpos antiperoxidase tireóidea e antitireoglobulina) estão aumentados na grande maioria dos pacientes. A ultrassonografia é muito útil tanto para pesquisar a causa da doença, como para descartar a presença de nódulos tireóideos.
Por fim, vale ressaltar que o hipotireoidismo é a deficiência hormonal mais comum, potencialmente séria especialmente em recém-nascidos, crianças e gestantes e, frequentemente, passa despercebida. Em contrapartida, é de fácil diagnóstico e tratamento.
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