Memória de atletas com deficiência de estrogênio melhora com a reposição

Segundo um novo estudo, apresentado no 98º Encontro Anual da Sociedade de Endocrinologia, em Boston, a reposição de estrogênio pareceu melhorar a memória de atletas jovens que deixam de ter seus períodos menstruais por causa do excesso de exercício.

 

A amenorreia, ou ausência de períodos, ocorre em até 44% das mulheres que se exercitam ativamente, de acordo com o American College of Sports Medicine. A deficiência de estrogênio devido a amenorreia pode, eventualmente, resultar em esquecimento e falta de concentração. Alguns estudos descobriram um efeito positivo da reposição de estrogênio sobre os processos mentais – como a memória – em mulheres na pós-menopausa e mulheres jovens com síndrome de Turner, uma condição genética que pode causar deficiência de estrogênio.

 

“Acreditamos que este é o primeiro estudo que avalia o impacto da reposição de estrogênio sobre a memória e outros processos cognitivos em atletas jovens que ‘perdem’ os seus períodos menstruais devido ao exercício excessivo”, relatou Charu Baskaran, MD, pesquisadora principal do estudo e endocrinologista pediátrica no Massachusetts General Hospital for Children, Boston. “Esta informação é importante porque essas atletas estão no auge do desenvolvimento neurocognitivo.”

 

O estudo, financiado pelo órgão de saúde americano National Institutes of Health, examinou o efeito da reposição de estrogênio sobre os processos mentais, em 29 atletas amenorreicas do sexo feminino com idades entre 14 e 25 anos, em comparação com outras 19 que não receberam a reposição. De acordo com Baskaran, as atletas no estudo tinham parado de menstruar há mais de três meses, ou nunca tiveram menstruação, por causa de muita atividade física aeróbica (média de mais de 10 horas por semana).

 

As participantes no estudo foram atribuídas aleatoriamente a um dos três grupos de tratamento durante seis meses: (1) estradiol e progesterona por via oral, numa dose semelhante a muitas pílulas anticoncepcionais (16 participantes); (2) estradiol transdérmico, melhor conhecido como sistema transdérmico de estrogênios, com uma dose de reposição fisiológica de progesterona cíclica (13 atletas); ou (3) sem estrogênio (19 indivíduos).

Testes cognitivos antes e após o tratamento incluíram avaliação da memória verbal, especificamente lembrar de palavras faladas (com o uso da 2a edição do California Verbal Learning Test). Também foram submetidas a testes para avaliar suas habilidades de suprimir uma resposta e para avaliar sua flexibilidade cognitiva, que lhes permite alternar entre diferentes tarefas – capacidades cruciais na vida cotidiana (empregando o Delis-Kaplan Executive Function System Color-Word Interference Test).  As avaliações (testes) foram feitas antes e após o experimento.

 

Os pesquisadores relataram que, em comparação com aquelas que não receberam tratamento hormonal, as atletas dos dois grupos de tratamento com estrogênio tiveram significativamente melhores pontuações de memória verbal e flexibilidade cognitiva no final de seis meses, em comparação com as suas pontuações antes do tratamento. As que receberam estrogênio tiveram maior melhora tanto na recordação imediata de palavras quanto na sua capacidade de mudar de forma flexível entre as tarefas, mesmo quando os investigadores controlaram para a idade do paciente e resultados dos testes de pré-tratamento.

 

Quando avaliaram os grupos de estrogênio tratados separadamente versus nenhum tratamento, eles encontraram melhora significativamente maior em determinados testes cognitivos apenas no grupo que recebeu estrogênio transdérmico. Baskaran relatou que a administração transdérmica de estrogênio é uma forma mais fisiológica de liberação do hormônio do que a preparação oral. Também não é metabolizada no fígado, ao contrário do estrogênio por via oral, o que pode afetar outros níveis hormonais que podem exercer efeitos sobre processos mentais.

 

Ela ressaltou que estudos em populações maiores de pacientes são necessários para confirmar os resultados e determinar se o estado de cognição difere entre atletas que param de menstruar e aquelas que não param.

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