A ciência ainda não chegou a uma conclusão sobre como evitar a endometriose, doença inflamatória que atinge cerca de sete milhões de mulheres no Brasil. No entanto, na medida em que os fatores desencadeantes da doença passam a ser conhecidos, torna-se possível apontar algumas medidas preventivas. Adotá-las não é garantia de que o problema não irá aparecer, mas certamente trará benefícios.
A primeira delas é investir em uma alimentação equilibrada. Um recente estudo com mais de 70 mil mulheres publicado na revista Human Reproduction, da Universidade de Oxford, apontou que as mulheres que consumiam ao menos uma porção de frutas cítricas ao dia tinham 22% menos chances de desenvolver endometriose quando comparadas àquelas que ingeriam menos de uma vez por semana.
Outras orientações são incluir na dieta alimentos ricos em ômega 3, como a sardinha, atum, salmão, castanhas e amêndoas; evitar adoçantes, com exceção da estévia; reduzir açúcares e farinhas brancos; e priorizar hortaliças, carnes magras, ovos, queijo cottage, azeite de oliva, feijões e frutas como caju, goiaba, limão e abacate – todos capazes de reduzir a resposta inflamatória. Óleos hidrogenados, sal refinado comum e temperos prontos também devem ser substituídos.
O ambiente
A industrialização aumentou a emissão e a consequente exposição de todas as pessoas aos chamados desreguladores endócrinos, agentes químicos capazes de afetar a interação hormonal no organismo. As principais preocupações nesse sentido são a dioxina, liberada na incineração de lixo, resíduos industriais e na fumaça de automóvel e até de cigarros, e o bisfenol A (BPA), matéria-prima da resina epóxi e de um dos plásticos mais comuns, o policarbonato.
A substância foi proibida em mamadeiras, mas ainda pode ser encontrada em outros produtos presentes no dia a dia de qualquer família, a exemplo de potes para o acondicionamento de alimentos. Como o BPA e outros compostos podem ser facilmente expelidos quando aquecidos, o uso em micro-ondas de plásticos não certificados pelo Inmetro para esse fim é uma prática extremamente perigosa. Por isso, caso não tenha certeza se o recipiente é adequado, opte por um de vidro.
Fora o BPA e a dioxina, pesticidas, metais pesados, entre outros, também já foram ligados à endometriose. Cada um comporta-se de uma forma, mas todos prejudicam o sistema imunológico do trato reprodutivo, aumentando a sensibilidade às inflamações inerentes à doença.
Evidentemente, escapar desses agressores é tarefa quase impossível, mesmo para as pessoas que vivem em áreas menos poluídas. Como temos pouco controle sobre eles, a recomendação é evitar ao máximo as áreas com alta concentração de lixo industrial, higienizar com cuidado todos os alimentos e não comer ou beber nada de procedência duvidosa. Além disso, embora não esteja relacionado ao ambiente, mas, sim, à vida moderna, o estresse também deve ser evitado ao máximo.
Outra questão importante é a prevenção secundária, ou seja, do agravamento do quadro de mulheres que tenham quadros iniciais de endometriose – e muitas vezes não sabem. Cólicas intensas, que não passam completamente com o uso de remédios para aliviar a dor, podem ser sinal da doença. É necessário buscar orientação do (a) ginecologista, que pode prescrever pílulas hormonais de uso contínuo para bloquear a menstruação, se for o caso.
No mais, coma bem, durma bem, exercite-se, não fume e tente não se estressar. Esse é e sempre será o caminho para uma vida mais saudável.
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