Vegetarianos e desempenho atlético: estudo

Definições:

Omnívoro: consome alimentos de origem vegetal e animal, incluindo peixes, carnes, aves, ovos, leite e outros produtos lácteos.

Lacto-ovo-vegetariano: consome predominantemente alimentos de origem vegetal, sendo o leite e outros produtos lácteos bem como ovos e os únicos alimentos de origem animal.

Vegetariano: consome alimentos apenas de origem vegetal.

 

Muitos são os questionamentos dentro da ciência do esporte sobre os efeitos do vegetarianismo no desempenho esportivo. E, geralmente, existe uma crença popular que, sob o ponto de vista nutricional, coloca a dieta vegetariana em posição de inferioridade quando comparada com a dieta omnívora. Mas, atualmente, são vários os exemplos de atletas que seguem uma dieta baseada exclusivamente em alimentos de origem vegetal. E muitos são atletas de elite como o nadador Murray Rose (4 medalhas olímpicas); Edwin Moses (maior nome na prova de 400 metros com barreiras); Bode Miller (um dos melhores esquiadores alpinos de todos os tempos, 5 medalhas de ouro); corredor Carl Lewis que teve seu melhor ano como atleta depois que se tornou vegetariano); corredor Emil Voigt; lutador Christopher Campbell; tenistas Martina Navratilova e Venus Williams; ciclistas Jack Linquvist, Molly Cameron e Lizzie Armitstead; atleta de endurance Brendan Brazier; fisiculturista Korin Sutton; maratonista Fiona Oakes; jogador de hóquei Georges Laraque; boxeador Timothy bradley; boxeadora e fisiculturista Amanda Riester; dentre outros.

 

As dietas vegetarianas estão sendo cada vez mais adotadas por uma variedade de razões, incluindo saúde, sustentabilidade e questões relacionadas à ética. A aderência a uma dieta vegetariana tem sido associada a um risco reduzido de desenvolver doença coronária, câncer de mama, câncer colorretal, câncer de próstata, diabetes tipo 2, resistência à insulina, hipertensão, catarata e demência. Os vegetarianos também têm tipicamente um índice de massa corporal mais baixo (IMC) e um perfil lipídico melhorado. Além de promover a saúde física, reduzir ou eliminar a carne da dieta é ambientalmente vantajoso desde que a produção de carne exige mais terra, água e recursos energéticos do que o cultivo de plantas, e a produção de carne cria mais gases de efeito estufa em comparação com uma dieta baseada em plantas.

Mas, apesar dos muitos aspectos positivos para a saúde das dietas vegetarianas, existem preocupações quanto à adequação de nutrientes para apoiar o desempenho atlético. Essas dietas são tipicamente mais baixas em vitamina B12, proteína, creatina e carnitina. O ferro e o zinco de fontes vegetais são menos biodisponíveis do que de fontes animais. No entanto, elas são tipicamente mais altas em carboidratos e antioxidantes, o que pode ser vantajoso para o desempenho atlético, particularmente para as atividades de resistência.

 

Para testar o efeito das dietas vegetariana e omnívora no desenvolvimento atlético, um time de pesquisadores da Universidade Estadual do Arizona, EUA, comparou 70 atletas de endurance (resistência) de elite – 27 vegetarianos (VEG) e 43 omnívoros (OMN) –  para a máxima captação de oxigênio (VO2) e força em teste com uso de esteira e extensões de pernas. Os dados dietéticos foram avaliados utilizando registros detalhados da alimentação durante sete dias, e os achados foram os seguintes:

 

–  Embora a ingestão total de proteínas tenha sido menor entre os vegetarianos em comparação aos omnívoros, o consumo de proteína em função da massa corporal não diferiu por grupo (1,2 ± 0,3 e 1,4 ± 0,5 g/kg de massa corporal para VEG e OMN respectivamente, p = 0,220).

–  O VO2 máximo diferiu para as mulheres pelo grupo de dieta (53,0 ± 6,9 e 47,1 ± 8,6 mL/kg/min para VEG e OMN respectivamente, p <0,05), mas não entre os homens (62,6 ± 15,4 e 55,7 ± 8,4 mL/kg/min, respectivamente).

–  O torque máximo não diferiu significativamente entre os grupos.

 

Certamente muitos fatores podem afetar o desempenho de atletas, e não existe substituição dietética para a qualidade de treinamento, mas os resultados deste estudo indicam que a aptidão cardiorrespiratória dos atletas vegetarianos foi maior que a dos atletas omnívoros. No entanto, o pico de torque não diferiu entre os grupos. Esses dados sugerem que as dietas vegetarianas não comprometem os resultados de desempenho esportivo e podem facilitar a capacidade aeróbia em atletas.

 

Os pesquisadores pedem pesquisas de dimensões maiores para confirmar suas conclusões.

Dra. Ritz

Médica e atleta fisiculturista, realiza palestras por todo o Brasil, divulgando o envelhecimento saudável, a longevidade e a busca por uma vida mais plena e produtiva. Serve de exemplo e estímulo para os seus pacientes, que buscam em sua pessoa, uma fonte de conhecimento, inspiração e exemplo de vida.

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Dra. Ritz

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