Uma prática regular de meditação pode beneficiar adultos mais velhos que começam a notar problemas de memória, é a conclusão encontrada de um pequeno estudo piloto.
O estudo incidiu sobre 25 adultos mais velhos com comprometimento cognitivo leve – problemas com memória e pensamento que podem, em alguns casos, progredir para a demência.
Os investigadores os atribuíram aleatoriamente para 12 semanas de meditação e práticas de ioga, ou 12 semanas de treinamento de estratégias para melhor a memória (diminuir o esquecimento).
No final, ambos os grupos fizeram um pouco melhor em testes de memória verbal – que envolve o lembrar nomes ou listas de palavras, por exemplo. Mas o grupo meditação mostrou uma mudança maior, em média, nos testes de memória visual e espacial – necessário para se situar durante o caminhar ou dirigir, ou tentar lembrar de uma localização.
O grupo meditação também mostrou menos sintomas de depressão e ansiedade.
“Os benefícios da ioga e meditação são diversos”. Entre as várias razões práticas para isto, é o alívio da ansiedade causada pelos próprios problemas de memória que as pessoas vêm sentindo. Mas, também pode haver efeitos mais diretos sobre a “aptidão do cérebro”.
Evidência foi encontrada através de exames de ressonância magnética especializados que mapearam a atividade cerebral dos participantes do estudo. Em ambos os grupos, foram observadas alterações na “conectividade” de certas redes do cérebro envolvidas na memória.
Os resultados, publicados em Journal of Alzheimer’s Disease, são baseados neste pequeno grupo de adultos mais velhos seguidos por um tempo limitado. Portanto, é difícil tirar conclusões definitivas, disse Mary Sano, diretora do Centro de Pesquisa da Doença de Alzheimer no Mount Sinai Icahn School of Medicine, em Nova York.
Por um lado, idosos com comprometimento cognitivo leve são um “grupo amorfo”. Pode incluir pessoas com problemas temporários de memória ou sofrendo de ansiedade sobre lapsos de memória que não são patológicos.
“As notas dos participantes do estudo foram bastante altas, de modo que levantam a questão se eles estão realmente prejudicados ou apenas nervosos [sobre os problemas de memória]?” perguntou Sano, que não fez parte do estudo.
Dito isto, Sano observou que muitos outros estudos têm apontado para “efeitos neurais” da meditação. Portanto, não é surpreendente que as pessoas que praticaram mostrassem alterações em testes de memória.
Para o estudo, todos os adultos recrutados pela equipe de Lavretsky tinham idades a partir de 55 e tinham queixas de memória – esquecimento de nomes e compromissos, ou guardando coisas em lugares equivocados, por exemplo.
Onze passaram por 12 sessões semanais de treinamento para melhorar a memória, que tem se mostrado útil em estudos anteriores com pessoas com deficiências leves. Trata-se de técnicas de aprendizagem para gerir problemas de memória e realização de exercícios mentais em casa – desde palavras cruzadas a programas baseados em computador.
O grupo ioga/meditação também teve aula semanal de práticas de respiração, “kriyas” – que combinam movimento, alongamento e exercícios de respiração – e meditação. A lição de casa foi realizar a meditação de 12 minutos por dia e por conta própria.
O estudo testou uma forma específica de meditação chamada kirtan kriya, que envolve movimentos da mão, entoação de mantras e visualizações. Essa combinação, disse Lavretsky, pode ser particularmente atraente para a mente.
Uma vez que o estudo não pôde comprovar causa e efeito, Sano disse que não ficou claro se os resultados do estudo refletem um efeito específico da meditação. Aprender uma nova atividade estimula a mente – assim como o engajamento social de aulas de grupo, explicou.
Lavretsky concordou e observou que muitas atividades diferentes – física, mental e social – poderiam ajudar a manter o cérebro em forma. “As pessoas gostam de coisas diferentes. Pessoalmente, por exemplo, eu não gosto de palavras cruzadas. Práticas de mente e corpo, como ioga e meditação podem ser uma outra opção.”
O estudo testou uma forma específica de meditação, de modo que não se sabe se outros tipos mostrariam os mesmos resultados, observou Sano. Mas, por outro lado, provar a técnica de meditação não apresenta nenhum perigo.
As pessoas mais velhas que querem tentar uma classe devem estar cientes de que algumas classes de ioga podem envolver uma prática física vigorosa e pouca ou nenhuma meditação, disse Lavretsky. É recomendado que idosos com limitações físicas procurem formas mais suaves de ioga, tais como a ioga restaurativa ou yin yoga. Ou mesmo aulas somente de meditação.
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