Uma nova pesquisa apresentada na Experimental Biology revela fatos surpreendentes sobre o que os bebês estão comendo durante seus anos mais formativos. O estudo, que analisou 11 anos de dados de consumo de alimentos e bebidas entre bebês de 0 a 24 meses nos EUA, mostra que apenas 40% dos bebês estão comendo vegetais, e a maioria recebe apenas cerca de um terço da quantidade recomendada de cereais integrais.
Além disso, a análise, a partir do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES), mostra que quando as crianças fazem a transição da papinha de bebê para alimento em geral, por volta dos nove meses, há um aumento significativo de doces, salgados e bebidas adoçadas com açúcar. Aos 12 meses, os bebês e crianças estão consumindo mais de 5 colheres (de chá) de açúcar adicionado e mais de 1.500 miligramas de sódio por dia (que é o limite recomendado para adultos).
Beech-Nut Nutrition Company, uma das maiores fabricantes de papinhas de bebês dos EUA, encomendou o estudo para compreender melhor os padrões alimentares iniciais na infância, e sensibilizar para a necessidade de mais esforços que suportam os pais para ajudar seus filhos a construir uma autêntica e alegre relação com o alimento verdadeiro.
“Evidências crescentes mostram que o que as crianças comem nos dois primeiros anos de vida é fundamental para a prevenção da obesidade e para a boa saúde em longo prazo, o que torna o resultado desta análise muito mais preocupante”, relatou Victor Fulgoni, PhD, vice-presidente sênior de Nutrition Impact e investigador chefe da análise NHANES. “É claro que precisamos de estratégias que incidam diretamente sobre esse período de transição crítica.”
Observações do estudo:
A ingestão de frutas, verduras e cereais integrais aumentam durante o período de ‘baby food’ – 6 a 8 meses (a comida de bebê é a principal fonte desses grupos de alimentos). Mas suas dietas começam a ficar desequilibradas em torno de nove meses e, a partir de 12 meses, ocorre a transformação:
– Mais de 60% dos bebês estão comendo frutas; metade vem a partir de suco, seguido de bananas e maçãs.
– Menos de 30% dos bebês estão comendo vegetais, e a fonte primária é batata (inteira/purê); aos 23 meses, a fonte primária é batata sob as formas de batatas fritas e chips (por comparação, as folhas verdes compõem 1% do consumo).
– Cerca de 30% dos bebês estão ingerindo bebidas adoçadas com açúcar (sucos de frutas e refrigerantes); aos 23 meses, ocorre aumento para cerca de 45%.
– Quase 40% dos bebês estão comendo brownies e biscoitos.
– Quase 40% dos bebês estão comendo crackers e salgadinhos
– As principais fontes de sódio vêm através de cachorros-quentes, carnes curadas, bolachas, queijos e massas.
– As principais fontes de açúcares adicionados são bebidas de frutas, refrigerantes, biscoitos e brownies, iogurte e cereais (alimentos prontos, processados).
Implicações baseadas em evidências:
Uma ampla revisão de mais de 50 estudos, também apresentada na Experimental Biology, revela que há uma relação provável entre a alimentação infantil precoce e o risco de obesidade. Os estudos mostraram que, de forma consistente, as principais fontes de calorias entre bebês e crianças – depois de leite e fórmula – são sucos e bebidas adoçadas com açúcar.
Na verdade, o estudo sobre a prática da alimentação infantil mostrou que crianças que ingerem bebidas adoçadas com açúcar durante o primeiro ano de vida são duas vezes mais propensas a beber esses tipos de bebidas aos 6 anos de idade; e as crianças que raramente comem frutas e legumes durante o primeiro ano de vida são mais propensas a continuar este padrão aos 6 anos de idade.
“Alguns dos dados que realmente me chamaram a atenção foi que os bebês obtêm uma dieta mais equilibrada através da comida de bebê (pronta), mas ainda há trabalho a ser feito com isso também”, disse a pediátrica especialista em nutrição Nicole Silber. “Eu vejo uma oportunidade para dilatar o prazo de 6 a 8 meses para realmente nos concentrarmos em adaptar os bebês para desfrutar de frutas e legumes com cores e sabores vibrantes para que eles construam um relacionamento de longo prazo com esses alimentos.”
Um desafio crítico: Não há orientações dietéticas oficiais para crianças menores de 2 anos.
Atualmente, o guia alimentar americano começa a partir da idade de 2 anos, e, para o guia de 2020, estão em curso esforços para incluir bebês de 0 a 24 meses. Com a atual ausência, Silber salienta a importância de ajudar a orientar os pais na direção certa de qualquer maneira possível.
“Os pais sempre têm os melhores interesses para com os filhos, mas descobrir como alimentar os bebês pode ser um desafio”. “Precisamos de mais educação e criativas maneiras de ajudar os pais a serem bem sucedidos na construção de um relacionamento positivo entre os bebês e alimentos verdadeiros, ricos em nutrientes.”
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