Um coração saudável na meia-idade pode proteger seu cérebro mais tarde

 

O envelhecimento saudável do cérebro depende da saúde do coração e dos vasos sanguíneos enquanto se é jovem, segundo um novo estudo.

 

Pessoas com fatores de risco para doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais na meia-idade são mais propensas a ter níveis elevados de amiloide, uma proteína pegajosa conhecida por aglomerar-se e formar placas no cérebro de pessoas com doença de Alzheimer, explicaram os pesquisadores.

 

Os exames de ressonância magnética revelaram maiores depósitos de amiloide nos cérebros dos idosos que fumavam, apresentavam pressão alta, estavam obesos, diabéticos ou tinham níveis elevados de colesterol quando na meia-idade, afirmou a pesquisadora-chefe Rebecca Gottesman. Ela é professora assistente de neurologia na Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore.

 

Todos esses fatores de risco podem afetar a saúde dos vasos sanguíneos de uma pessoa, ou saúde vascular, levando ao endurecimento das artérias e outros distúrbios.

 

“Por meio de fortes hipóteses, pensamos que é o acúmulo de amiloide que causa a doença de Alzheimer. Então isso sugere que o risco vascular na meia-idade pode desempenhar um papel direto no desenvolvimento da doença”, afirmou Gottesman.

 

Dois ou mais fatores quase triplicaram o risco de uma pessoa ter grandes depósitos de amiloide. O estudo descobriu que um fator de risco sozinho aumentou a probabilidade deste depósito em 88%: a obesidade. A condição dobrou o risco de uma pessoa apresentar amiloide elevada mais tarde na vida, disse Steven Austad, presidente de biologia do envelhecimento e da evolução das histórias de vida na Universidade do Alabama em Birmingham.

“Em termos de um único fator de risco, ela acabou sendo o mais importante, o que é interessante, pois há vinte anos a obesidade não era o problema que é agora, sugerindo que daqui a 20 anos o quadro pode piorar consideravelmente.”

 

Gottesman e seus colegas examinaram dados de quase 350 pessoas cuja saúde cardíaca foi monitorada desde 1987 como parte de um estudo em andamento. A idade média dos participantes foi de 52 no início do estudo. Sessenta por cento eram mulheres. O tempo médio de seguimento foi de quase 24 anos.

 

Quando os participantes entraram no estudo, nenhum deles tinha demência. Cerca de duas décadas depois, novos exames cerebrais mostraram uma ligação entre fatores de risco cardíaco e amiloide cerebral. A relação não variou com base na raça (43% preta) ou fatores de risco genéticos conhecidos para a doença de Alzheimer.

 

Os fatores de risco cardíaco que surgiram no final da vida não foram associados aos depósitos de amiloide cerebral. Mas, o que uma pessoa faz durante sua meia-idade é o que, aparentemente, contribui para seu risco posterior de amiloide elevada, e não mais tarde.

 

O estudo não provou uma relação de causa e efeito, mas existem várias teorias explicativas do porquê da ligação entre a saúde vascular e a doença de Alzheimer.

 

O sangue e o líquido espinal contêm amiloide, e alguns pensam que os vasos sanguíneos insalubres podem permitir que o amiloide vaze da corrente sanguínea e penetre no tecido cerebral, disse Austad, porta-voz da Federação Americana de Pesquisas sobre o Envelhecimento.

 

“A ideia de que a primeira lesão do cérebro é realmente uma lesão dos vasos sanguíneos cerebrais não é nova, e isso apoia a hipótese de que as placas amiloides não vistas dentro dos vasos, podem estar fora deles, no cérebro.”

 

Os vasos sanguíneos também desempenham um papel na liberação de partículas amiloides quebradas que ocorrem naturalmente no cérebro de uma pessoa, disse Keith Fargo, diretor de programas científicos e divulgação para a Associação de Alzheimer americana.

 

“Pode-se imaginar que se há algo de errado com a circulação no cérebro, isso poderia afetar a depuração de amiloide de alguma forma”, disse Fargo.

 

Artérias endurecidas também podem levar a acidentes vasculares cerebrais (AVC), ou mini-AVCs, que afetam a capacidade de pensar e lembrar em algumas pessoas à medida que envelhecem, o que contribui para a demência e Alzheimer.

 

Com base nessas descobertas, as pessoas que querem proteger a saúde do cérebro devem proteger a saúde cardíaca, e quanto mais cedo melhor.

 

“Você não quer esperar até quando estiver com 60 anos para começar a cuidar de si mesmo. Tem que ser um compromisso de vida”, concluiu Fargo.

Dra. Ritz

Médica e atleta fisiculturista, realiza palestras por todo o Brasil, divulgando o envelhecimento saudável, a longevidade e a busca por uma vida mais plena e produtiva. Serve de exemplo e estímulo para os seus pacientes, que buscam em sua pessoa, uma fonte de conhecimento, inspiração e exemplo de vida.

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